Matar o tempo? Ou viver o eterno? Para que serve a arte? O artista de sucesso é quem revela os mistérios do coração do homem ou aquele que vende mais cópias de suas produções? Ainda se percebe a diferença entre os mosaicos de Ravena e a lata de sopa Campbell pintada por Andy Warhol? Ou as lentes do Séc. XXI passeiam com a mesma indiferença sobre os dois “produtos”?
Neste início de milênio – na verdade, desde o pós-guerra dos anos 40 – chama-se de “arte” cada vez mais um tipo de produto que visa acima de tudo ao entretenimento, traduzindo o inglês entertainement. À medida que as máquinas substituem o trabalho do homem e lhe dão tempo de sobra, abre-se espaço, ou seria mercado, para uma nova atividade: matar o tempo. Existe uma ansiedade para fazer “programas” que permitam preencher o tempo: o que vamos fazer este fim-de-semana? É que um tempo esvaziado de significado passa a ser uma tortura, uma noite que não passa, pois a natureza tem horror ao vácuo. E se o tempo fica vazio, acabará invadido por fantasmas, por demônios ou por ídolos. Estes fenômenos de nossa época se juntam para reforçar o processo: a solidão que torna as noites insuportáveis, a angústia que fabrica insônias, o crescente vazio de sentido para a existência.
Eis o pano de fundo à espera dos atores que virão distrair as massas, ou já estariam distraídas, do essencial. Incapazes de um olhar contemplativo, as sociedades do Ocidente, e mesmo as fatias já ocidentalizadas do Oriente, fixam o olhar vazio nas telas da TV, cuja velocidade de exposição, seu flipping vertiginoso, torna impossível toda visada de profundidade e qualquer pesquisa do eterno. Tal como nas feiras medievais os saltimbancos, charlatães especializados em prender a atenção do público, ganharam espaço no gosto da burguesia nascente, hoje uma nova indústria encontra seu filão produtivo na necessidade de divertir as massas. Rapidamente consumidos, os artistas e suas obras obedecem aos impulsos da moda. Como tudo o mais no sistema, também a arte é one way. Usar e descartar.
Comentários
Santini é maravilhoso! Homem sábio e santo. Grande mestre.
Beijo no coração.
Mano véio,
Urbano Medeiros e Regina e filhos
Caro Professor Antonio Carlos,
Não sei bem por que tenho recebido as newsletters do Portal Metro, pois não me lembro de ter feito cadastro algum. Mas o fato é que, hoje, numa delas, o título de seu artigo me seduziu e não pude deixar de lê-lo…
Meus parabéns! Acho que você conseguiu sintetizar não apenas a definição como também a finalidade da arte de forma absolutamente lúcida!
Como você, sou educadora. Mais do que isso: como você, eu me esforço para ser uma digna apóstola de Jesus, feliz por ser católica…
Pois é! Como diz meu marido, as águas se encontram!
Então, muito sucesso em sua vida e que Nosso Senhor continue a ser seu único mestre!
Um grande abraço, fique com Deus e a proteção de Maria!
Mara Rosin